sábado, 29 de junho de 2013

Kilgore Trout, um marginal modelar



Kilgore Trout, personagem criado pelo iconoclástico Kurt Vonnegut (1922 - 2007), é um exemplo perfeito de artista posto às margens do sistema literário por questões que escapam ao seu controle. Não à toa, é um escritor de ficção científica. Para os que estão a par da produção brasileira vinculada ao gênero, difícil não traçar paralelos com Trout.

A fortuna crítica de Vonnegut tende a apontar Trout como um alter-ego do autor. Faz sentido, desde que se esqueça o ranço que vem junto com a sempre mal-fadada crítica das intenções – quer dizer, a crítica que se ampara em entrevistas e declarações do autor para traçar considerações sobre a obra. Isso porque Vonnegut, ao contrário de Trout, nunca se referiu à própria produção segundo o rótulo “ficção científica”.

Cabe mencionar que os primeiros trabalhos de Vonnegut podem ser plenamente chamados de ficção científica, já que lidam de forma direta com as convenções do gênero. O aspecto especulativo diminui no decorrer da obra literária de Vonnegut, mas a FC continua a se fazer presente, de uma forma ou de outra.



O que Kilgore Trout põe em cena não se limita à ironia com que um escritor de ficção científica (Vonnegut) retrata seu próprio ofício; estende-se para o gênero como um todo, e mais ainda: para todos aqueles que são excluídos e postos à margem. Kilgore, com todos seus exageros, alegoriza a própria marginalização da ficção científica no sistema literário de valores.

No romance Matadouro 5, de Vonnegut, nos é dado saber que Trout “não pensava em si mesmo como escritor pelo simples motivo que o mundo não havia permitido que ele pensasse em si mesmo desta forma”. Já em Café-da-Manhã dos Campeões, é apontado que, mesmo tendo escrito cento e dezessete romances e dois mil contos, nenhum editor respeitável jamais ouvira falar dele. O personagem é mais do que marginalizado – é invisível para o mundo em que vive. Tão obscura é sua obra literária que ele mesmo precisa garimpar para encontrar seus próprios romances, e raramente a procura é bem-sucedida.
                
O garimpo se dá em lojas de artigos pornográficos, posto que uma editora de revistas de sexo explícito publica os romances de Trout para “dar volume” às edições de fotos de sexo e nudez. Para Kilgore, e aqui temos um exemplo do humor de Vonnegut, “desconcertantes eram as ilustrações escolhidas por seus editores, que não tinham nada a ver com as histórias”. Mesmo num ambiente tão marginalizado e mal-visto, Trout não encontra lugar – seus livros estão destinados a juntar poeira nas lojas de produtos pornográficos.
                
Os brasileiros que de uma forma ou de outra estão em contato com a realidade da ficção científica no País podem compreender muito bem porque Vonnegut escolheu um autor do gênero para retratar o perfeito outsider intelectual.
                
Na ácida crítica de Kurt Vonnegut, que uso é encontrado para os livros de Kilgore Trout? O personagem, no romance Café-da-manhã dos campeões, em dado momento pega carona com um caminhoneiro que fora preso na cidade de Libertyville:

- Bom – continuou o caminhoneiro -, tinham tantos livros em Libertyville que usavam livros como papel higiênico na cadeia. Como eles me pegaram no final de tarde de sexta-feira, a minha audiência só poderia ser na segunda-feira. Assim, fiquei lá no calabouço por dois dias, com nada a fazer além de ler meu papel higiênico. Ainda lembro das histórias que li.
- Hum – fez Trout.
- Aquela foi a última história que li – disse o caminhoneiro. – Meu Deus... isso deve fazer quinze anos. A história era sobre outro planeta. Era uma história maluca. Eles tinham museus cheios de pinturas por todo lado, e o governo usava uma espécie de roleta para decidir o que botar nos museus e o que jogar fora.
De repente, Kilgore Trout ficou zonzo por causa do dejà vu. O caminhoneiro fazendo ele lembrar do início de um livro em que ele não pensava fazia anos. O papel higiênico do caminhoneiro em Libertyville, na Geórgia, era O crupiê-chefe de Bagnialto ou A obra-prima do ano, de Kilgore Trout.

Não é preciso esforço para relacionar o papel higiênico do caminhoneiro com o cânone aleatório do planeta Bagnialto. Os livros de Trout são os que não tiveram sorte na roleta, e que foram jogados fora por critérios críticos aleatórios e preconceituosos.
                
Uma situação pela qual Kilgore passa é particularmente ilustrativa. Em Matadouro 5, o personagem diz, quando perguntado se determinada história sua tinha realmente acontecido: “Se eu escrevesse uma história que não aconteceu de verdade e tentasse vendê-la, iria preso. Isso é fraude. Num exemplo de como o romance de Vonnegut parece apontar para como a atrofia imaginativa do senso-comum impede a compreensão do contexto em que se encaixa a ficção científica, a interlocutora de Trout acredita na brincadeira.

No Brasil, particularmente, a própria constituição do cânone privilegia obras de cunho dito realista, o que alguns entendem como uma sugestão para que a FC seja taxada como má literatura. Não é necessário reclamar a inclusão do gênero no cânone; bastaria que ele fosse julgado pelos traços que lhe são particulares. O mero uso de suporte crítico inadequado configura preconceito (às vezes inadvertido), na medida em que leva a conclusões deslocadas. Em outras palavras: se o texto não é canônico e se constitui mesmo em certo desarranjo com as obras canônicas, como julgá-lo desfavoravelmente por não cumprir os requisitos do cânone?

Vonnegut era também um artista plástico, e desenhou Trout diversas vezes. Vejamos como o autor representou o marginalizado escritor:


Chama a atenção que uma criatura marginalizada como Kilgore Trout possua tantos olhos. Na visão está o privilégio do personagem: enquanto a auto-intitulada alta cultura não enxerga o nicho em que Trout está inserido, nada impede que ele veja tanto outros marginalizados quanto o próprio centro que o ignora. O diálogo entre diferentes nichos culturais, tão caro à ficção científica, só se torna possível por meio da reorganização artística (consciente ou inconsciente) do que cada um dos olhos de Trout capta. É na visão multifacetada que reside o trunfo do personagem.

                
Estendamos a observação para a própria ficção científica. Nutrindo-se de diferentes lugares e atenta a eles, pode ser invisível, mas enxerga bem.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Glória Sombria, de Roberto de Sousa Causo



Jonas Peregrino, protagonista do recém-lançado romance de ficção científica militarista Glória Sombria, já tem história. O primeiro conto do personagem, “Batalhas na Memória” foi publicado na semiprofissional Scarium MegaZine n.º 19, de 2007. Seguiram-se as noveletas “Descida no Maelstrom”, em Futuro Presente (2009), antologia organizada por Nelson de Oliveira; “Trunfo de Campanha”, em Assembleia Estelar: Histórias de Ficção Científica Política (2011), com organização de Marcello Simão Branco; “A Alma de um Mundo”, em Space Opera II: Jornadas pelo Hiperespaço em uma Galáxia Não Muito Distante (2012), organizada por Hugo Vera e Larissa Caruso; e “Tengu e os Assassinos”, em Sagas Volume 4: Odisseias Espaciais (2013), com organização de Cesar Alcazar.

  

Edições que acolheram as narrativas curtas de Jonas Peregrino

Esses cinco textos da série intitulada “As Lições do Matador” não são os primeiros de Jonas Peregrino, na cronologia ficcional criada por Causo. Neles, já nos deparamos com um protagonista experiente, calejado, praticamente alheio a dúvidas ou indecisões. Trata-se de um herói pleno, capaz de solucionar conflitos de ordem moral, disposto a fazer valer o que considera justo sem hesitar. Nessas narrativas, seus parâmetros morais e de conduta já estão bem estabelecidos, e o personagem age seguro e confiante conforme os conflitos e os impasses acontecem.

Glória Sombria, cronologicamente, é a primeira aventura de Jonas Peregrino. O romance pode ser lido independentemente sem prejuízos, embora a leitura das narrativas anteriores forneça um quadro mais amplo do cenário em que Peregrino se movimenta. Em Glória Sombria, Causo consegue caracterizar o personagem de forma inteligente: não extrai dele seu lado heroico, honrado, para apresentar sua inexperiência. Como herói, afinal, é que os leitores identificam Peregrino, e mostrá-lo ainda sem a fibra conhecida o descaracterizaria sobremaneira. O personagem hesita e chega a se perturbar com as consequências de seus atos em Glória Sombria, mas é tão incorruptível quanto o Peregrino mais velho, aquele das narrativas curtas.

Diz o texto do marcador de página encartado na edição belamente ilustrada pelo veterano Vagner Vargas:

No século 25 a humanidade já avança profundamente em direção ao núcleo da galáxia, a partir do seu berço, o Sistema Solar.
São quatro as Zonas de Expansão Humana, mas é na quarta -- a mais rica e vasta, conhecida como "A Esfera" -- que os diversos blocos políticos da Terra encontram o seu maior desafio: armadas de naves-robôs empenhadas em aniquilar todas as civilizações espaciais que cruzem o seu caminho, em nome da supremacia absoluta dos seus criadores.

Glória Sombria narra a primeira ação de Peregrino na Esfera. Já é um guerreiro, mas não possui nenhuma experiência nos confrontos com as naves-robôs enviadas pelos alienígenas tadais – inimigos nunca vistos pelos humanos. Convocado pelo Almirante Túlio Ferreira, tem a missão de criar uma nova unidade de combate. A relação com o Almirante é tensa e, a princípio, Peregrino antipatiza com sua postura. O romance desenvolve a relação entre ambos em um crescendo sutil, com raro cuidado na caracterização – o que define os personagens e os torna reconhecíveis é o que vai provocar cada atrito (e, eventualmente, cada sincronia).

Não é apenas com os alienígenas que Peregrino precisa se preocupar nessa sua primeira e já grandiosa missão. Como que para compensar a falta de traços distintivos dos antagonistas tadais (cuja natureza é um mistério guardado para o futuro da série “As Lições do Matador”), Causo coloca outros problemas para seu protagonista, estes de rostos bem definidos e, até, familiares. Há traições, inveja e intrigas entre as próprias fileiras dos guerreiros humanos. E Peregrino, para resolver os desafios ao seu comando e à sobrevivência da raça humana, precisa tomar algumas decisões de resultados amargos, com danos colaterais. Ao final do romance, já encontramos um protagonista com calos a mais. A transformação do personagem, conduzida com naturalidade, não soa como tal; parece, sim, um amadurecimento.

Glória Sombria pode, sem dúvidas, ser chamado de “ficção científica brasileira”, e não apenas de “ficção científica do Brasil”. A diferença entre as duas expressões pode não saltar aos olhos, mas demarca a distinção entre a produção que apenas é produzida aqui em emulação aos autores estrangeiros e a que de fato consegue apresentar traços distintivos nacionais. E a origem pantaneira de Peregrino não é o maior deles. O sense of wonder (senso de maravilhamento, em tradução livre) tão caro ao autor é dado pela incorporação de elementos brasileiros ao cenário de batalha no espaço sideral: as descrições das espaçonaves de guerra com pinturas que remetem a animais da fauna brasileira são um exemplo de destaque.



Causo e a Editora Devir prometem dar continuidade à série. E mais: “As Lições do Matador”, futuramente, deve ter crossovers com outra série de narrativas de Causo, “Shiroma – Matadora Ciborgue”. De que forma isso vai se dar ainda está para ser contado, mas há um prenúncio em Glória Sombria: a presença de personagens “aumentados”, ciborgues tais quais Shiroma. Para enriquecer a experiência, há um site que fornece detalhes do universo ficcional desses protagonistas tão díspares, neste link. Esperemos que este primeiro romance de Jonas Peregrino seja uma mostra do que está por vir.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Imaginários em Quadrinhos: o primeiro volume



Imaginários é uma série de antologias de contos de fantasia, horror e ficção científica, aí incluídas as variações intercalares de cada um desses gêneros. Publicada pela Editora Draco, manteve a periodicidade anual do primeiro ao quinto volume. Os dois primeiros volumes foram organizados por Tibor Moricz, Eric Novello e pelo saudoso Saint-Clair Stockler; os três mais recentes, por Erick Santos Cardoso.


Imaginários: as antologias de contos


Além de novos autores, a série já publicou contos de nomes de destaque da ficção de gênero brasileira, como André Carneiro, Jorge Luiz Calife, Roberto de Sousa Causo, Eduardo Spohr, Gerson-Lodi Ribeiro e Luiz Bras. A série oferece um panorama dessa produção como tantas outras antologias de gênero brasileiras, mas a vantagem trazida pela periodicidade constante possibilita a formação de um panorama mais amplo.

Neste ano, foi publicado o primeiro volume de Imaginários em Quadrinhos, organizado por Raphael Fernandes. Trata-se de uma edição para livrarias. Capa cartonada, orelhas, papel de qualidade em 120 páginas: visualmente, a edição já atrai desde o primeiro contato. Como sua irmã literária, este primeiro volume traz histórias que, de uma forma ou de outra, lidam com os paradigmas temáticos e narrativos próprios da ficção de gênero. Com uma exceção ou outra, o tom geral do volume remete à francesa Metal Hurlant, que parece ter sido tomada como referência por alguns dos roteiristas e desenhistas compilados.

A primeira história, escrita e desenhada por Raphael Salimena, chama-se “Ôch” – trata-se de uma interjeição de dor ou cansaço pronunciada por um dos personagens principais, incomodado com a idade avançada. Salimena possui um traço coeso, com cuidado e apreço pelas expressões faciais, e um texto que cumpre seu papel e conduz de forma fluída a narrativa.

A história é centrada em um grupo de personagens envelhecidos que visualmente remetem à temática science fictional da terra devastada: possuem próteses mecânicas de aspecto improvisado e roupas em frangalhos, além de habitarem um deserto rochoso afim a Zardoz ou Mad Max. A esses personagens é contraposta uma multidão de pessoas em trajes comuns no nosso mundo, como ternos, xales e batinas. Nubla-se a oposição entre estaticidade e movimento, entre conservadorismo e mudança: a multidão encarna o mundo das normas, das proibições; os velhos, a vontade de mudar e de quebrar as regras. O confronto entre esses dois grupos é dado com humor e sarcasmo, preservados até a conclusão da história.

Seguem-se três histórias curtas escritas e desenhadas por Jaum: “Negro Nemo e o Tesouro Pornô”, “Páginas Marcadas” e “A Sinfonia da Transmutação”. O texto assume um caráter fabular com pendor insólito, e o desenho de Jaum acompanha a proposta de forma harmoniosa: os contornos são calculadamente imprecisos ou trêmulos, divorciados de uma representação realista. A impressão que a arte passa chega a ser de alucinação ou de percepção alterada da realidade.

“Negro Nemo e o Tesouro Pornô” recorre a uma ambientação distanciada para contar como se dá a descoberta do sexo por uma criança e seu grupo de amigos; “Páginas Marcadas” trata de um homem que recebe conselhos sentimentais de seu sagaz cachorro, e traz uma frutífera relação intertextual com O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar; “A Sinfonia da Transmutação” trata da degradação ambiental e da pequenez humana.

Relação intertextual é a tônica de outra história, “O Caso do Monstro do Ártico”. Intercalam-se elementos oriundos de narrativas de Mary Shelley (Frankenstein), Bram Stoker (Drácula) e John Polidori (O Vampiro). A apropriação é bem sucedida, resultando em uma colcha de retalhos bem costurada: história de ágil leitura, bastante movimentada. O roteiro, eficiente e despretensioso, é de Zé Wellington; a arte, de Marcus Rosado. Este é promissor e serve bem à narrativa, embora ainda careça de maior fluidez nas cenas de ação.

Valkíria, heroína voluptuosa estilo jungle girl, estrela duas histórias: “O Homem que veio do Céu” e “A Mulher Dourada”. Têm argumento de Alex Mir e Alex Genaro, e roteiro e arte do segundo. São histórias marcadamente pulp, com dinossauros, espaçonaves e civilizações perdidas. Compromissadas com o entretenimento, são narrativas cheias de energia e movimento. Demandam, mais do que quaisquer outras do volume, que o leitor compre a proposta e entre no divertido jogo de referências pulp.

As duas melhores histórias do volume trazem roteiro de seu organizador, Raphael Fernandes: “A Revolução não será Compartilhada”, com desenhos de Dalts; e “Apagão”, desenhada por Camaleão. Ambas são ficção científica de primeira linha: especulam e extrapolam tendências atuais de nosso mundo, de forma instigante. Sem hesitar, diria que concretizam plenamente o “distanciamento cognitivo” de Darko Suvin: por meio de uma representação distanciada, promovem um questionamento de ordem cognitiva acerca da realidade aparente.

“A Revolução não será Compartilhada” especula ficcionalmente acerca do famoso (famigerado?) grupo Anonymous. O protagonista, disposto a descobrir mais sobre o grupo, chega a surpreendentes revelações, através de um mergulho físico no mundo virtual por meio da magia. Nisso, a história guarda similaridades com uma das primeiras edições do John Constantine de Jamie Delano e Mark Buckingham (recentemente publicadas pela Panini no encadernado Hellblazer Origens Vol. 1). Cabe citar a referência ao clássico Hellraiser, de Clive Barker: o protagonista tem em seu quarto uma Configuração do Lamento e um boneco de Pinhead, como que a ecoar a passagem de uma dimensão a outra promovida pelo personagem. A Configuração do Lamento, lembremos, conduz ao inferno, algo bastante próximo dos caminhos que o protagonista vai trilhar no mundo virtual. Os traços de Dalts retratam com eficiência a transfiguração corpórea do personagem, tanto que foram eles os escolhidos para ilustrar a capa do volume.

“Apagão” trata de uma São Paulo pós-apocalíptica. Triste notar o quanto parece verossímel o mundo caótico originado pela mera falta de energia – fica a sensação de que o resultado seria similar ao mostrado na história, caso um apagão se estendesse muito na metrópole. Se o romance Não Verás País Nenhum (1981), de Ignácio de Loyola Brandão, pintava uma São Paulo degenerada por obra de uma série de fatores, hoje basta basta um único fator para pôr tudo a perder. Ou seja, estamos mais que nunca na corda bamba. 

A história é soberbamente desenhada por Camaleão. Consta no volume que é seu primeiro trabalho fora do humor, o que muito surpreende: os desenhos transbordam drama, dor e sujeira. Ainda assim, aqui e ali (por exemplo, quando os corpos se inclinam para a frente quando em movimento rápido) é possível notar uma representação mais comumente vista em quadrinhos de humor.

“Apagão” recentemente atingiu sua meta em um projeto apresentado no Catarse (site de crowdfunding), e logo veremos mais histórias ambientadas nessa terrível (mesmo que estilosa) São Paulo futura.

Imaginários em Quadrinhos Volume 1 pode servir como uma boa introdução a quem ainda não está ciente de que há uma infinidade de artistas brasileiros de qualidade não incorporados ao mercado estadunidense de super-heróis. Contudo, ainda é cedo para julgar se a série vai ser capaz de fornecer um panorama tão completo de nossa produção quanto a série de contos Imaginários. Para tanto, espero que os próximos volumes tenham também contribuiçoes de artistas nacionais já estabelecidos por aqui, como Mozart Couto e Julio Shimamoto. Se a periodicidade for constante como na série de contos, fornecer tal panorama deve ser uma meta fácil de alcançar.